sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O fim do mundo deseja boas festas


        O tão aguardado e comentado 21 de dezembro de 2012, vulgo “fim dos tempos”, chegou causando alarde em todos os cantos do mundo. As trombetas dos anjos e dos guardiões celestiais anunciaram a volta de Jesus Cristo, e com ele, a ressurreição de todas as almas que descansavam em paz. Durante a festa, J.C. curou os doentes, perdoou os pecadores arrependidos e levou todos os tementes ao reino dos céus. Foi uma loucura.
        Mais adiante, não muito longe de todo esse célebre acontecimento, um vazamento químico de uma indústria foi despejado em um rio que abastecia toda uma cidade. A água contaminada foi consumida pela população, causando danos em seus organismos devido a forte radiação. As pessoas perderam a capacidade de raciocinar e começaram a se transformar em seres raivosos famintos por cérebros. O medo tomou conta do povo e o caos passou a reinar. Assim se inicia o apocalipse zumbi.
         Enquanto isso, em uma região mais afastada, moradores de outra cidade relataram à polícia supostas aparições de discos voadores no céu durante a manhã. Mais tarde, esses relatos foram confirmados quando uma gigantesca nave espacial pousou no centro da cidade. De dentro dela, saíram centenas de seres estranhos de cor violeta. Eram altos, magros e traziam nas mãos projéteis que disparavam um tipo de raio laser amarelo. Do contato desse raio com o corpo humano restava apenas pó. Sem dó e piedade, os extraterrestres dizimaram a população e destruíram prédios e casas. Estão repetindo essa ação em todas as cidades que passam. 
       Pois é, nada disso aconteceu (ainda). Mas temos que admitir que esses acontecimentos apocalípticos seriam a única maneira de evitar os malditos clichês de fim de ano. Se o mundo realmente acabasse, não teríamos que enfrentar toda aquela chatice de ouvir as piadas do “pavê ou pacumê” nos encontros familiares, de ouvir  Então é Natal  da Simone em todas as lojas e de gastar dinheiro com presentes do amigo secreto do serviço. E sem contar nas reportagens natalinas do Jornal Hoje que sempre mostram o movimento das compras no dia antes do natal e no dia depois, o chamado “dia das trocas”.
      Já a internet é uma chatice a parte. Pessoas contando nas redes sociais o quanto maravilhoso foi o ano de 2012 (mentindo, obviamente), ou reclamando que o ano foi uma porcaria e que esperam muito mais de 2013. Como se alguém se importasse com a vida delas. Para piorar a situação, você é marcado no Facebook em fotomontagens feitas no paint de bebezinhos felizes com gorro de Papai Noel. Essas pessoas nem gostam de você na verdade, mas querem mostrar que tem coração bom e que te desejam muitas realizações. E para encerrar as festividades de fim de ano, nada pior do que assistir na televisão as tediosas matérias sobre as simpatias de ano novo ou sobre as promessas para o ano que vai nascer. Já que não tem como fugirmos de todo esse roteiro de clichês, o jeito é escolher bem a cor da roupa que usaremos na noite da virada e estourar o champanhe. E que venha o especial do Roberto Carlos.


                    Nada a ver esse vídeo. É que eu tava com preguiça de fazer uma charge.


*Não podia postar um texto no blog sem desejar um feliz aniversário ao meu pai que está ficando mais velho hoje. Parabéns!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Uma tirinha sobre o amor

Esta é a primeira tirinha de várias que estão por vir. Finalmente criei vergonha na cara e estou começando a fazer quadrinhos, portanto, estarei adaptando algumas técnicas, inventando personagens e produzindo coisas mirabolantes. Espero que gostem dos rabiscos! 

clique na imagem para vê-la ampliada :)

OBS: A tirinha não está mal feita, meu desenho que é tosco mesmo.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Dê uma chance aos zumbis

O ano de 2012 está acabando e, recentemente, o que mais se vê nas redes sociais são comentários, teorias, conspirações e piadas sobre o fim do mundo (que segundo a teoria dos Maias será em 21 de dezembro deste ano). Esses comentários e piadas, na maioria das vezes, estão relacionados ao tão badalado "apocalipse zumbi", que nada mais é do que um mundo destruído e povoado por mortos ambulantes. O assunto ficou  tão em evidência que acabou se banalizando e tirando a credibilidade dos filmes desse gênero tão rico, sendo taxado de "modinha". Por isso estou aqui, em nome daqueles que são recriminados e que não podem se defender e nem mandar o seu recado ao mundo: os zumbis. 
Para concluir a minha pós-graduação em comunicação audiovisual, usei como tema "o zumbi como símbolo do apocalipse no cinema". A princípio parecia um tema bobo, ou sem fundamentos e perspectivas, mas ao começar a ler sobre o assunto e a assistir aos principais filmes do gênero, percebi que cada obra retratava a época em que foi lançada, tornando esses longas registros históricos. É claro que nem todos os filmes de mortos-vivos são críticos, pois muitos deles tem como fundamento apenas os sustos e as risadas, mas mesmo assim, não deixam de ser boas obras cinematográficas. É por isso que lhes apresento cinco motivos para tratar os zumbis com mais respeito:

1- Filmes de zumbi retratam os medos da sociedade

Não apenas os filmes de zumbi, mas todos os filmes de terror em geral. Ao contrário do que muitos pensam, o primeiro filme de zumbi não foi A Noite dos Mortos-Vivos, de 1968. A primeira obra que trazia o dito cujo em seu enredo era Zumbi Branco, de 1932, que apresentava um monstro totalmente diferente do que vemos hoje em The Walking Dead, por exemplo. Na verdade, uma monstra, pois o morto-vivo em questão era uma mulher. O filme era baseado no livro-reportagem A Ilha da Magia (1929), do jornalista William B. Seabrook, que passou um tempo nas ilhas do Caribe coletando histórias assustadoras sobre vuduísmo. Segundo as lendas, os escravos eram mortos pelos donos das terras e "trazidos de volta a vida" por meio de magia negra. Sem alma e hipnotizados, esses "mortos-vivos" eram obrigados a trabalhar para sempre nas plantações. 
Zumbi Branco estreou nos Estados Unidos durante a Grande Depressão (crise econômica que resultou em enormes taxas de desemprego durante os anos 1930), conquistando o público, que logo fez a analogia dos trabalhadores autômatos sem vida com o aumento dos desempregados vagando pelas ruas. 

Madeline, o primeiro zumbi do cinema
      
Usando um exemplo mais recente, em 2002 foi lançado o filme britânico Extermínio, que mostrava uma Londres completamente devastada e destruída. O motivo era o alastramento de um perigoso vírus que em contato com as pessoas, as transformava em seres raivosos e famintos por carne humana. A cidade foi evacuada e um grupo de sobreviventes passa o filme todo em busca de respostas sobre o vírus e de um local seguro para ficar.
Extermínio foi produzido após o atentado terrorista de 11 de setembro e durante a guerra do Iraque, acontecimentos que proporcionaram ao mundo visões de destruição, caos e morte.  Além disso, durante os anos 1990 a Inglaterra sofreu com inúmeros casos da doença da vaca louca, mal que levou várias pessoas a óbito. Assim, o medo de uma nova guerra e de doenças contagiosas estão presentes no enredo e na concepção visual de Extermínio.

Londres abandonada em Extermínio
   
2- Zumbis foram recriminados mas depois provaram seu valor

Voltando ao passado, dezenas de filmes com zumbis foram produzidos para se aproveitar do êxito de Zumbi Branco. Apesar do sucesso inicial dessas obras, a quantidade de produções com o monstro acabou se saturando. Como se não bastasse isso, os anos 1940 foram marcados pelas atrocidades da Segunda Guerra Mundial e pelos supostos aparecimentos de OVNI'S em Roswell. O medo de bombas e de invasões alienígenas passaram a tomar conta da população, e os produtores de cinema acabaram deixando o zumbi de lado para criar filmes sobre  mutações atômicas e seres de outro mundo. O terror se unia a ficção científica.

Posters de filmes de terror dos anos 1940 e 1950
         
O gênero terror mudou de foco durante esses anos, mas os filmes de zumbis não deixaram de ser produzidos. Como o monstro estava fora de moda, nenhum grande estúdio se interessava em investir nessas criaturas, por isso, a maioria dos filmes criados nessa época é de baixo orçamento e sem grande influência. Esses longas-metragens eram tão mal feitos que chegaram a ser marginalizados. Mas, após 38 anos do lançamento do primeiro filme de zumbi, é produzido aquele que seria um divisor de águas no subgênero, aquele que transformaria o morto-vivo na criatura que conhecemos hoje: o filme A Noite dos Mortos Vivos.
Lançado em 1968, o filme de George Romero apresentava uma situação em que os mortos voltavam à vida de maneira misteriosa e em grande número, deixando os vivos encurralados. Estava criado o tão comentado hoje, apocalipse zumbi. Foi também nesse filme que a ideia de morto-vivo canibal foi apresentada pela primeira vez ao público. O filme foi sucesso de público e crítica e modernizou o zumbi, tirando-o da tumba definitivamente. Grande Romero!


Pessoal indo trabalhar segunda-feira de manhã

3- Filmes de zumbis fazem críticas sociais

Além de inovador visualmente, A Noite dos Mortos-Vivos foi o primeiro filme de terror que continha um protagonista negro em seu enredo. Levando em conta que os Estados Unidos passavam por conflitos raciais nessa época, a escolha do ator foi uma grande quebra de tabu. O filme, além de abordar o racismo, apresentava críticas aos meios de comunicação da época e apontava um niilismo para a situação que desafia a compreensão do ser humano e das dinâmicas fundamentais do universo. Assim, o filme de Romero fez grande sucesso, proporcionando aos fãs uma continuação em 1978, o intitulado Despertar dos Mortos.
Nessa sequência, muito mais grotesca e sanguinária, um grupo de sobreviventes se aloja em um shopping para tentar escapar do zumbis. A crítica ao consumismo exagerado da sociedade está presente o filme todo. Além disso, Despertar dos Mortos está repleto de humor negro e sátira. A combinação do humor com o terror serviu para amenizar a violência e a crueldade presente no filme. 


Hora da bóia, pessoal!

Com a situação de caos apocalíptico, a cidade vira uma terra sem lei e sem autoridades. Durante uma sequência do filme, os sobreviventes alojados no shopping se veem a mercê de outro perigo além dos mortos-vivos. Uma gangue de motociclistas invade o shopping arrebentado portas e destruindo lojas. As ameaças não eram mais apenas zumbis, mas também os vivos que agora não precisavam agir de acordo com a lei. O filme ilustra uma situação em que a falta de autoridades assola a necessidade de um comportamento civilizado, relevando o que há de pior no ser humano.

4- Zumbis são engraçados

Tá, tudo bem. Vocês podem me convencer que não gostam de filmes de zumbis por morrerem de medo deles. Essa é a intenção, afinal, são filmes de terror, não é? Sim! Mas dentro desse subgênero maravilhoso dos mortos-vivos podemos encontrar obras que visam apenas a diversão. São os chamados "Terrir".
Desde a aparição do primeiro zumbi no cinema, os mortos-vivos vêm conquistando espaço nas produções do gênero terror. Mesmo assim, os monstros nunca conseguiram ganhar a credibilidade que mereciam, até que em 1983 foram colocados dançando ao lado de Michael Jackson no videoclipe de Thriller. O clipe serviu como nova forma de apelo popular e transformou o zumbi em um ícone do mainstream.

Saudades, Michael!

Depois de aparecerem na MTV, o zumbis passaram a estrelar filmes de comédia para adolescentes. Repletos de piadas, rock and roll e nudez, esses filmes de estética pós-punk levaram inúmeras pessoas ao cinema com o intuito de rir e levar alguns sustos. O irreverente A Volta dos Mortos-Vivos (1985) é a mais bem sucedida obra desse conceito, tendo rendido mais duas continuações.
Atualmente, o mais recente filme que mistura humor e zumbis é Zumbilândia, de 2009. O filme foi muito bem aclamado pelo público, recebeu diversos prêmios e rendeu US$ 76 milhões apenas nos cinemas norte-americanos. O longa também foi sucesso de crítica, provando que essa combinação de monstros e risos não ficou apenas nos anos 1980.

5- Eles estão em toda parte

Apesar dos filmes envolvendo nossos queridinhos terem caído de produção no início dos anos 1990, eles nunca deixaram de ser filmados. As obras do terrir estavam cansando as pessoas e a maioria dos filmes era de baixo orçamento. Foi então que, quando tudo estava indo de mal a pior, surgiu um jogo de videogame que traria o zumbi de volta aos holofotes cinematográficos. Em 1996, a companhia japonesa Capcom lança um jogo de videogame para o novo aparelho de jogos Playstation. O jogo de terror e aventura, chamado de Resident Evil, era inspirado visualmente em filmes de Romero, trazendo em seu enredo os zumbis como ameaça a ser enfrentada. Após o grande sucesso comercial do jogo, uma adaptação do game para o cinema foi anunciada. Lançado em 2002, Resident Evil foi o primeiro filme de zumbi de grande orçamento em 70 anos da história do gênero e levou o morto-vivo ao mainstream hollywoodano.
Após essa renovada no gênero, os monstros passaram a "atuar" em outras plataformas midiáticas, como em gibis, comerciais, estampas de roupa, internet e atualmente na adaptação televisiva da história em quadrinho The Walking Dead, a qual faz muito sucesso pelo mundo todo e atualmente está em sua terceira temporada.
Pois é, meu amigo, se depois tanto tempo exposto a essas lindas criaturas você não foi contaminado pelo vírus zumbi, prepare-se porque eles ainda vão te conquistar! 


Eles só querem ser seus amigos kkkk

Texto: Daniela Gorski
Estagiária de revisão: Rafaela Gorski
Fotos: divulgação

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ilusões da Infância na Sessão da Tarde (Parte 2)


Atendendo a pedidos (três), estou escrevendo a parte dois do post "Ilusões da Infância na Sessão da Tarde". Fico feliz que tenham gostado do meu texto, isso que dizer que eu não estou sozinha com esses pensamentos nostálgicos. Algumas pessoas reclamaram que muitos filmes clássicos da Sessão da Tarde ficaram de fora desta análise de ilusões, e me deram sugestões para esse novo post. Outras pessoas comentaram que eu fiz uma confusão no texto anterior, dizendo que alguns filmes da Globo na verdade eram do SBT. Eu lembro muito bem onde vi cada um desses filmes. O que acontece é que, durante os anos, essas obras acabaram sendo exibidas por mais de um canal.
É interessante perceber que quase todos esses filmes teens que fizeram sucesso na Sessão da Tarde, ou Cinema em Casa, foram produzidos a partir da década de 80. Nesse período, o jovem passou a ser visto como um consumidor em potencial de cinema, música, moda e tendências tecnológicas. A cultura pop se globalizava e o adolescente virava um novo nicho de mercado. Nós, jovens adultos, temos muito o que agradecer, pois tínhamos a opção de escolher assistir esses filmes ao invés de Maria do Bairro.

Primeiro logo da Sessão da Tarde nos anos 70

As Patricinhas de Beverly Hills (1995)
Esse filme fez a cabeça de muitas meninas dos anos 90. Todas elas queriam ter um programa de computador que fizesse combinações de roupas igual ao da Cher (Alicia Silverstone). Todas elas queriam ser as populares da escola e ter dezenas de conjuntinhos saia/blusa coloridos. Além disso, o filme criou o mito de que toda patricinha tinha que ser loira. É claro que na história Cher era uma patricinha gente boa que gostava de fazer o bem para todos, mas nós, meninas dos anos 90, sabemos que as patricinhas da vida real não tinham nada de simpáticas. Esse clássico da Sessão da Tarde apresenta uma escola onde todos são legais e se divertem juntos dançando com os amigos♫ nas festas. Tudo mentira. Não é à toa que uma das atrizes desse filme cometeu suicídio anos depois.

Não sinto saudades da moda dos anos 90

Karatê Kid (1984)
Um garoto pode ter dezenas de garotas por perto para se envolver, mas ele vai se relacionar justamente com a ex-namorada do campeão de karatê da escola. Vítima de algumas surras do valentão karateca, nosso guerreiro Daniel Larusso é defendido em um desses conflitos por um velhinho lutador muito simpático, o Sr. Miyagi. Percebendo a necessidade que o garoto tem em se defender, Sr. Miyagi passa a ensiná-lo a lutar karatê com métodos um tanto quanto incomuns. A ilusão presente neste clássico está em acreditar que com humildade, perseverança e disciplina você pode derrotar uma gangue de valentões. É aquele velho blá blá blá de pessoas movidas pelo esporte em busca de superação e aceitação. Triste.


Daniel Larusso é aquele tipo de garoto que as meninas querem namorar

Uma Linda Mulher (1990)
Eis aqui uma das inúmeras versões modernas do conto da Cinderela: homem rico que se apaixona por mulher pobre. É claro que para dar um toque contemporâneo no conto de fadas o homem é um empresário super importante e a mulher é uma prostituta de calçada. Quando criança, a gente não entende muito bem esse filme, mas a partir de uns 13, 14 anos já dá pra ter ideia do que se trata. A ilusão é de que, se até uma prostituta falida conquistou um cara lindo e milionário, qualquer uma pode conquistar. A diferença é que ela era a Julia Roberts, querida! Até hoje vejo mulheres desfilando na "balada" quando começa a tocar Pretty Woman, mas o que elas não se lembram é que a pretty woman em questão era uma mulher da vida.


O conto da Cinderela moderna

O Pestinha (1990)
Quem nunca quis ir a uma festa fantasiado de Diabo? Quem nunca quis jogar os presentes da colega chata na piscina? E o melhor, quem nunca quis colocar um brinquedo do parque de diversões em rotatividade máxima para ver os amigos vomitarem? Eu! Você! Todos nós! Esses são apenas alguns exemplos da má influência que O Pestinha pode causar nas crianças. Pode-se classificar o menino Junior na categoria Kevin MCcallister de traquinagem, pois jamais uma criança (por mais esperta que seja) vai conseguir aprontar todas sem ser punida, castigada ou morta. Junior é maneiro e sempre se dá bem no final, isso cria a ilusão de que ser peste é legal.

Junior era meu ídolo

A Volta dos Mortos-Vivos (1985)
Sim, eu sei, esse filme passava no SBT. E pasmem, durante os anos 90 a censura da programação não era tão rígida, deixando clássicos do terror como esse serem exibidos durante as tardes no saudoso Cinema em Casa. Existia até o Cine Trash, sessão de filmes de terror apresentada pelo Zé do Caixão. Era muito sangue jorrando na tela da Band às três da tarde. Mas isso é assunto para outro post. Voltando aos mortos-vivos, é claro que se você ver o filme hoje em dia apenas dará algumas risadas. Mas esses zumbis toscos caindo aos pedaços podem ser muito assustadores quando se tem 10 anos. Este clássico do "terrir" não criou ilusões, e sim traumas nas crianças que passavam as tardes largadas na casa da vó vendo TV.

Coisa linda

Edward Mãos de Tesoura (1990)
Este filme dirigido por Tim Burton marcou a carreira do conselheiro amoroso de Facebook, e  também ator nas horas vagas, Johnny Depp. O clássico conta a história de Edward, um rapaz solitário que tem tesouras no lugar das mãos e que mora em um castelo abandonado. Por não conhecer o mundo além de seus portões, Edward encontra muita dificuldade ao se relacionar com as pessoas de sua cidade. Repleto de poesia, esse filme de Tim Burton cria a fantasia de que um cara gótico cheio de tesouras nas mãos pode conquistar o amor de uma garota. Mas, ao mesmo tempo, é um dos poucos filmes da Sessão da Tarde que passa uma mensagem verdadeira no final. Ele mostra que mesmo você sendo meigo como o Edward, as pessoas não vão aceitar suas diferenças.


Ops, acho que caiu um cisco no meu olho...

Um Príncipe em Nova York (1988)
Se sua infância não teve a participação de Eddie Murphy, não foi uma infância feliz. Eu poderia citar vários filmes desse ator, como, por exemplo, O Rapto do Menino Dourado, Um Tira da Pesada e até O Professor Aloprado. Mas nenhum deles foi tão exibido na Sessão da Tarde como Um Príncipe em Nova York. No filme, Eddie dá vida a Akeem, um príncipe africano que se rebela contra um casamento arranjado por seu pai e decide ir até Nova York a procura de um amor. Ele se passa por um estudante pobre e enfrenta muitos "perrengues" para encontrar uma moça que o ame pelo que ele é, e não pelo que ele tem. Bom, não preciso nem comentar que jamais um cara milionário fingiria-se de pobre e viveria em um apartamento minúsculo e sujo, sendo que ele pode ter tudo do bom e do melhor, não é?

E não é que no fim ele encontra o amor verdadeiro?

E este foi mais um post saudosista em homenagem aos filmes que marcaram nossa infância. Pra variar, eu nunca sei como terminar de escrever um texto, por isso, fico tentando dar um esse toque poético e sentimental de "nunca deixe a criança que há em você morrer" e blá blá blá. Na verdade, isso é mais uma dica para que você não se preocupe tanto com as coisas chatas da vida de adulto e de mais espaço para diversão e confusão. Até a próxima, amiguinhos!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ilusões da Infância na Sessão da Tarde


Se você não se lembra da última vez que viu um filme na Sessão da Tarde, quer dizer que você chegou à vida adulta e que virou um escravo do trabalho. Parabéns, seus pais estão orgulhosos!
Mas isso não quer dizer que você se esqueceu de como eram mágicas as suas tardes durante os anos 90, tomando Nescau e assistindo filmes na Rede Globo. Sim, era muito divertido. Cada dia um filme diferente que sempre trazia altas confusões. O que acontece, é que esses inocentes e divertidos filmes da Sessão da Tarde são responsáveis pela maioria das nossas atuais frustrações e ilusões criadas na infância. Não acredita? Então lá vai...

A Sessão da Tarde existe desde 1975, só pra você saber!

Curtindo a Vida Adoidado (1986)
Quando se é criança, ou pré-adolescente, o título desse filme por si só pode causar graves distúrbios mentais. O filme conta a história de Ferris Bueller, um garoto descolado que decide tirar um dia de folga da escola e se aventurar com seus amigos pela cidade. Ele finge estar doente, engana pais e professores, "toca o terror" e no fim não é desmascarado. Assim como Ferris, você quer curtir a vida adoidado! Você quer matar aula, roubar a Ferrari do pai do seu melhor amigo e fechar o dia cantando Beatles num desfile da cidade. Mas você não é ele, não é, amiguinho? Não é e nunca será. Aposto que você tem vontade de ligar para o seu chefe e mentir que está doente só para não ir trabalhar e aproveitar um dia de sol. Tudo isso influenciado pelo filme. Doce ilusão.

Você nunca será o Ferris!

A Lagoa Azul (1980)
Essa obra é sempre lembrada quando o assunto é Sessão da Tarde. Claro que você já deve ter visto o filme pelo menos umas 20 vezes, mas nunca percebeu o quanto má influência ele é. Dois jovens primos e um cozinheiro sobrevivem em um naufrágio e chegam a uma ilha tropical. O cozinheiro morre e as crianças ficam sozinhas. Primeiro que, se fosse na vida real, aquelas duas crianças já teriam morrido de fome, ou seriam devoradas por algum animal selvagem. Segundo, com o passar dos anos na ilha, as crianças crescem e se tornam jovens lindos e maravilhosos. Eles se apaixonam, claro. E assim o filme te ilude mostrando que o amor verdadeiro existe, escondendo que o principal motivo era a falta de opção que os jovens tinham para se relacionar. E bom, nem preciso comentar a aparência deles, não é? Há anos largados em uma ilha deserta e ambos parecem ter acabado de sair de uma sessão de depilação. Farsa!

Ainda gosto de você, Richard!

Namorada de Aluguel (1987)
Caso típico do "nerdão" que quer ser o popular do colégio. A vizinha dele, líder de torcida da escola, estraga um casaco da mãe e precisa de dinheiro para comprar um novo. O nerd propõe que ele lhe de o dinheiro em troca de eles serem vistos algumas vezes em público a fim de o menino se tornar popular por sair com uma líder de torcida. Até quem nunca viu o filme pode dizer o que acontece depois, não é? A popularidade sobe a cabeça do menino, a menina se apaixona por ele, ele desmerece ela, ela conta para todo mundo que o namoro deles era uma farsa... enfim, altas confusões! No final do filme os dois se acertam, é claro, e ficam juntos para sempre. Só em filme mesmo para o nerd se dar bem no final e ainda faturar a gatinha. Ou ela já sabia que o ator Patrick Dempsey se tornaria um lindo médico em Grey's Anatomy.

O antes e depois de Patrick Dempsey

Dirty Dancing (1987)
Caso contrário de Namorada de Aluguel. Uma garota vai passar as férias em um resort e lá ela acaba conhecendo Johnny Castle, interpretado pelo galã dos anos 80, Patrick Swayze. É claro que ela, mesmo não sendo um padrão de beleza, acaba conquistando o coração do bonitão dançarino, e ainda por cima, protagoniza uma das cenas de danças mais marcantes do cinema.  Esse tipo de filme deve ter criado falsas ilusões na cabeça das meninas no final dos anos 80 que sonhavam em ter um cara bonito e sensível apaixonado por elas. A vida é triste mesmo.

I 've haaaad the time of my liiifeee 

Os Goonies (1985)
Este é um exemplo de filme que pode fazer uma criança entrar em depressão total. "Mas Dani, esse filme é muito legal! Meu sonho era ter uma turminha de amigos igual a de Goonies". Justamente, meu caro, sempre foi seu sonho ter amigos fiéis e divertidos. Mas você nunca teve. Aliás, não conheço ninguém que teve uma turma de amigos como essa na infância. Você brincava de esconde-esconde na rua com os vizinhos, enquanto a galera de Goonies estava indo em busca de um tesouro perdido se aventurando em cavernas e trilhas subterrâneas. Até o Slot se divertiu mais do que você.

Turminha do barulho

Esqueceram de mim 1 e 2 (1990/1992)
Esses dois filmes não só influenciaram toda uma geração de pestinhas, como também criaram nas crianças a ilusão de que é legal ficar sozinho em casa quando se tem dez anos. Como se fosse tudo diversão e não existissem barulhos estranhos na janela durante a noite. Além disso, na continuação de 1992 a criança é esquecida em Nova York e consegue sobreviver em meio a violência da cidade grande. É claro que nos filmes tudo dá certo para Kevin MCcallister e ele consegue se livrar facilmente de dois ladrões. Na vida real os bandidos teriam matado esse pirralho na pancada.

Nunca tente ser mais esperto do que crianças endemoniadas 

Ghost (1990)
Já que falamos em Patrick Swyaze mais acima, não podíamos deixar de lado esse clássico de 1990. Sam e Molly são um casal jovem e apaixonado, mas um assassinato tira a vida de Sam. Depois de morto, o espírito dele fica vagando pela terra e ele descobre que o mandante de sua morte é um amigo próximo do casal que quer se aproveitar de Molly. É claro que a história do filme é muito bonita, pois mostra que um cara, mesmo depois de morto, tenta proteger a sua amada nos momentos de dificuldade. Mas o filme traz a bizarra ilusão de que ter um fantasma grudado em você o tempo todo é romântica! 

Confesso que já chorei nessa cena uma vez

Dez coisas que eu odeio em você (1999)
Ao contrário da maioria das premissas dos filmes adolescentes dos anos 80/90 que partiam de apostas, este parte de um acordo. Cameron (Joseph Gordon-Levitt, seu lindo) se apaixona por uma garota e quer ter a chance de sair com ela. Mas ele é avisado de que a moça só pode sair depois que a irmã mais velha dela também tenha um encontro. É aí que começa a confusão. Cameron faz um acordo com Patrick (Heath Ledger, seu lindo ²) para chamar irmã mais velha pra sair. A irmã mais velha se faz de difícil, mas depois aceita e começa a se envolver com ele. Tudo é perfeito até ela descobrir que aquilo não passava de um acordo. Mas o que ela não sabia é que Patrick estava se apaixonando por ela, e como todo bom moço, tinha se arrependido. É claro que depois que Heath Ledger canta "Can't Take My Eyes of You" na arquibancada do campo de futebol ela o perdoa e tudo fica lindo. Tudo ilusão.

Não passa de ilusão, mas a gente adora

É claro que esse texto é uma homenagem aos filmes da Sessão da Tarde que fizeram parte da minha infância. Quem foi criança nos anos 90 sabe o quanto esses filmes foram importantes para o nosso crescimento e formação. Espero que continuemos acreditando nessas "ilusões", pois a vida real precisa de um pouco de ficção e diversão. Feliz dia das crianças!

terça-feira, 24 de julho de 2012

Na estrada...


       A adaptação do romance de Jack Kerouac, On The Road, estreou no Brasil nesse mês e conta com Sam Riley, Kristen Stewart, Garrett Hedlund e Kristen Dunst em seu elenco. Como no livro, o longa conta a história de um jovem aspirante a escritor que viaja pelas estradas dos Estados Unidos pedindo carona no fim dos anos 1940. Dividindo opiniões entre os críticos de cinema e entre os fãs do romance de Kerouac, a adaptação dirigida pelo brasileiro Walter Salles tem seus pontos positivos e negativos. Suas duas horas e vinte minutos de duração chegam a ficar cansativas, aspecto que, seria resolvido com o corte de algumas cenas curtas e sem tanta importância. Mas isso não tira o brilho da belíssima fotografia, por exemplo, de Eric Gautier, que também trabalhou com com Salles no filme Diários de Motocicleta. Os cenários são realmente inspiradores e deixam qualquer pessoa com vontade de pegar o carro, a moto, ou até mesmo a bicicleta, e sair por aí sem destino e compromisso.
      Como na maioria dos road movies (filmes de estrada), o impulso para a ideia de uma viagem é mais interior do que exterior. Na maioria das vezes as figuras dramáticas são jovens em busca de liberdade e reflexão, ou pessoas cansadas da rotina e do tédio de suas vidas monótonas, procurando por pequenos momentos de loucura como escapismo. Pode-se classificar os personagens de On The Road como o primeiro exemplo de figura dramática. Jovens que parecem doidos varridos são o estereótipo da ideia de "curtir a vida ao extremo". Para eles, o destino não é a principal finalidade, mas sim o autoconhecimento e a busca por liberdade através de poesia, sexo e drogas. Tudo isso ao som de muito jazz.

Sam Riley e Garrett Hedlund 
Continue na estrada:

Sem Destino (1969)
A união do mito Harley Davidson com a música Born To Be Wild do Steppenwolf só poderia resultar neste clássico. Este road movie conta a história de dois motociclistas que viajam pelo sul dos Estados Unidos, e aborda temas sociais como o uso de drogas e a vida  em uma comunidade hippie. Durante as filmagens, os atores Peter Fonda, Dennis Hopper e Jack Nickolson chegaram até a fumar maconha de verdade para dar vida aos personagens.

Easy Rider: Loucura é pouco

Coração Selvagem (1990)
Dirigido por David Lynch, esse road movie mostra a história de dois jovens apaixonados, Sailor e Lula, que, impedidos de ficarem juntos, decidem fugir de carro e se aventurar pelas estradas. O filme é doido como quase todas as obras de Lynch, mas pra quem gosta de road movies e rock and roll é uma ótima indicação.

Personagens Lula e Sailor de Coração Selvagem

Thelma e Louise (1991)
Ganhador do Oscar de melhor roteiro original de 1992, este filme mostra a jornada de duas amigas que estavam cansadas da vida tediosa que levavam e decidem fazer uma viagem de carro. No caminho, elas se envolvem com a polícia e se metem em altas confusões (estilo narrador da Sessão da Tarde). Aliás, quem já viu Thelma e Louise, me responda: Como interpretaram o final do filme? Feliz ou triste?

"Coloca no Face essa depois, amiga"

Kalifórnia (1993) 
Um jornalista tem a ideia de escrever um livro sobre alguns assassinatos famosos que ocorreram em pequenas cidades dos Estados Unidos. Junto com sua esposa ele tem a ideia de viajar por essas cidades para escrever e fotografar os locais. Os dois dão carona para um casal de namorados que no decorrer do filme se revelam pessoas doentias e perigosas. Com Brad Pitt e Juliette Lewis.

Kalifornia: vale a pena pelo Brad P... quer dizer, pelo roteiro

Assassinos por Natureza (1994)
Após gravar Kalifornia, Juliette Lewis aparece em outro road movie de sucesso dirigido por Oliver Stone com roteiro de Tarantino. Assassinos Por Natureza é um filme de amor... amor a violência. Woody e Mallory se unem pelo desejo de matar e aprontam horrores pelas estradas dos Estados Unidos.
Woody e Mallory de Assassinos Por Natureza

Diários de Motocicleta (2003)
Outra parceria entre Walter Salles e Eric Gautier que resultou em um belo road movie. A obra conta a jornada de Che Guevara, quando ainda jovem e estudante de medicina, e seu amigo Alberto Granado pela América do Sul a bordo da moto apelidada por eles de "La Poderosa". Primoroso e tocante, o filme é essencial.

Che, Alberto e La Poderosa
Na Natureza Selvagem (2007)
Aos 22 anos, um jovem recém-formado deixa para trás uma vida estável para se aventurar pelo país em busca de liberdade e reflexão.  O filme, que é baseado na história de vida de Chris McCandless, é dirigido pelo ator Sean Penn e tem a fotografia assinada por Eric Gautiner. O filme é belíssimo em questão de estética, mas a mensagem que ele passa vale mais do que qualquer imagem.

Emile Hirsch em Na Natureza Selvagem
Fanboys (2009)
Diferente da maioria dos road movies, Fanboys não tem sua história movida por algum personagem dramático-depressivo passando por conflitos internos. Aqui é só diversão. Um grupo de amigos fãs de Star Wars pega a estrada rumo ao rancho de George Lucas (o diretor da saga Star Wars) para tentar assistir o Episódio I - A Ameaça Fantasma antes de todo mundo. Nerd e divertido, o filme garante boas risadas.

Fanboys: comédia e Star Wars

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ensaios Fotográficos

          Olá, pessoas! Sei que fiquei muito tempo sem escrever, por isso decidi voltar aqui e postar algumas fotos de trabalhos recentes. Ando fazendo "freelas" para a produtora curitibana 24 Quadros Produção Audiovisual, e, além disso, produzindo ensaios fotográficos com uns amigos. Essas fotos que vou postar agora são do ensaio da personal trainer Bruna Angelo, fotografadas pelo fotógrafo Luzardo Machado e produzidas por mim e minha colega Carol Angelo. A maquiagem e o cabelo ficaram por conta da maquiadora Isabela Japiassú e o making of foi feito por Rafaela Gorski. Clique nas fotos para ampliá-las  Espero que gostem!

Ensaio com tema rock and roll
Rock and roll + urbano
Bruna em seu opala verde
Mais uma do tema rock and roll
Fotos: Luzardo Machado
Opala verde de Madison Filho
Rock and Roll Queen
Maquiagem: Isabela Japiassú
Fotos do ensaio anos 80
Milk shake e Cyndi Lauper
Produção: Carol Angelo e Daniela Gorski