sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Perdidos nos anos 80

Nasci em 1987, eu sei, e por isso não tenho propriedade para falar dessa década a qual vivi apenas três anos. Mas mesmo assim, reconheço que tenho uma relação de amor com os anos 80. Sinto saudades de coisas que não vivi, e acho que mais pessoas compartilham esse sentimento comigo. A nostalgia que sinto é tanta que durante a minha adolescência tive uma fase Hard Rock, tanto no quesito música, quanto no quesito vestuário. E creio que o segundo quesito foi o mais expressivo.
Hard Rock é um estilo musical, uma vertente do rock que foi influenciada pelo rock de garagem e pelo rock psicodélico dos anos 60. As músicas são compostas por riffs pesados de guitarra e refrões grudentos que não saem da sua cabeça. Durante os anos 70, várias bandas deram um toque “hardeiro” em suas gravações, como, por exemplo, Kiss, Whitesnake, Alice Cooper, Aerosmith e Twisted Sister. Já nos anos 80, o Hard passou a ter personalidade própria e se ramificou, criando um subgênero: o Glam Rock (ou nacionalmente conhecido como “farofa”, por ter forte apelo visual e comercial). Esse novo estilo tomou forma e influenciou a criação de muitas bandas, como Skid Row, Mötley Crüe, Guns n’ Roses, Poison, Cinderella, entre outras. A marca registrada dessas bandas era a aparência composta por cabelos longos, ou cortados no estilo “poodle”, calças apertadas, jaquetas de couro, botas, cintos e roupas de oncinha. Além é claro, da bandana. O visual espalhafatoso e as músicas com temas festeiros atraíram adeptos pelo mundo todo durante os anos 80. E atraem até hoje.

Guns n' Roses: oncinhas e bandanas.
Banda Poison e a pergunta mais frequente: É tudo homem mesmo?
Sei lá que banda é essa, só postei para exemplo de cabelo poodle.
Não podia deixar o Kiss de fora dessa.
Aliás, o Kiss merece um post especial apenas por seu visual glamouroso
Twisted Sister: reunir os amigos cada um de uma cor e tirar foto. Quem nunca?

Comecei a ouvir rock quando tinha 12 anos de idade. Ouvia os três clássicos que todo iniciante no mundo das trevas ouve: Nirvana, Iron Maiden e Guns n’ Roses. A partir disso, o iniciante escolhe a banda que mais se identifica com o som e começa a seguir um gênero. Eu escolhi o Guns n’ Roses e meu caminho no Hard Rock Farofa Glam Metal Hair estava traçado. Pintava o cabelo de várias cores, me achava rebelde, ia de sebo em sebo procurando vinis antigos, usava roupas de oncinha, calça rasgada, bandana, Rayban aviador e fazia pose para as fotos. Tinha muitos amigos que também compartilhavam desse gosto pelo estilo e vivíamos nos perguntando “E se tivéssemos vivido os anos 80?”.

O glamour oitentista de Dani Mustang

Hoje, um pouco mais velha, imagino que se tivesse vivido os anos 80 tudo isso seria diferente. Talvez eu não me tornasse fã dessas bandas e nem me importasse em usar oncinha e calça rasgada, poderia até ter sido fã de Madonna e usado polainas cor de rosa. Acredito que teria boas lembranças, mas também ruins dessa década porque teria vivido boa parte da minha vida nela. Como não vivi, para mim parecia o refúgio perfeito para uma adolescência sem problemas. É aquele velho pensamento de achar que nos tempos passados tudo era melhor, quando era apenas diferente.
Quando mais novos, entramos em conflito com nós mesmos e com as pessoas a nossa volta, pois estamos passando por um período de autoconhecimento e formando nossa personalidade. É um período difícil, em que somos obrigados a fazer escolhas que terão reflexo em nosso futuro, por isso, é fundamental se perder para tentar se encontrar. Atualmente já não uso mais bandana e nem pinto o cabelo de cores vibrantes, mas ainda ouço algumas músicas dessa época, pois é difícil se desligar do passado. Já não me lamento mais dizendo aquela famosa frase "nasci na época errada" e estou aqui, esperando me encontrar com os amigos que ainda estão perdidos nos anos 80.


PS: Nunca gostei de Poison, que fique claro.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O dia em que a música morreu

Há exatos 54 anos atrás, depois uma apresentação da turnê The Winter Dance Party, três jovens músicos deixavam a terra a bordo de um avião para entrar pra história do rock. Ritchie Valens, The Big Bopper e Buddy Holly morreram na madrugada do dia três de fevereiro de 1959, após a queda do monomotor Bonanza B35 próximo a cidade de Clear Lake, no estado americano no Iowa. Mas você deve estar se perguntando “quem são esses caras?”.
Ritchie Valens era apenas um garoto de 17 anos que tocava guitarra e estava começando a fazer sucesso. Se acha que nunca ouviu uma música dele, você está enganado. Aposto que já dançou ao som de La Bamba, uma das músicas mais tocadas em festas de formatura e casamento. Apesar de só ter gravado dois discos, Valens emplacou alguns sucessos como a balada Donna, We Belong Together e Come on Let’s Go.

Valens todo garboso com sua guitarra

The Big Bopper era o nome artístico de Jiles Perry Richardson, cantor e compositor famoso pela música Chantilly Lace. O vídeo dessa música é conhecido por ser o primeiro “vídeo clipe” da história. Big Bopper além de músico também era um dos DJ’s mais famosos daquela época. Ele tinha 28 anos quando a tragédia aconteceu.

                                     
Por último, e não menos importante, Buddy Holly, que tinha apenas 22 anos no dia em que morreu. Dos três músicos que partiram desta para melhor naquela madrugada fria de fevereiro, Buddy foi o mais relevante. Não apenas por ter mais discos gravados e sucessos lançados, mas por ser considerado o mais criativo dos músicos daquela época. Ele e sua banda de apoio, os Crickets, colecionam hits como Peggy Sue, That’ll Be The Day, Oh Boy entre outros.

Buddy Holly no palco

Pra quem é fã desses músicos, ou pra quem apenas gosta de rock, a tragédia do dia três de fevereiro rendeu dois filmes sobre esses artistas. A primeira obra a tratar do tema foi o filme The Buddy Holly Story, de 1978, que conta a trajetória de Buddy até chegar ao estrelato. Em 1987 foi lançado o filme La Bamba, que mostra a vida de Ritchie Valens até se encontrar com Holly e Bopper naquela noite. Os filmes são maravilhosos e imprescindíveis para qualquer fã do rock.

                          Trailer do filme The Buddy Holly Story


                                      Trailer de La Bamba

Para quem não conhece a história desses artistas, ou não gosta do bom e velho rock and roll, a tragédia com o avião foi apenas uma fatalidade que aconteceu há muito tempo atrás. Mas pra quem é fã de música é impossível não se sensibilizar com a perda dessas três estrelas imortalizadas na história e na música de Don McLean: 

E nas ruas as crianças gritavam
Os amantes choravam e os poetas sonhavam
Mas nenhuma palavra foi dita
Os sinos da igreja estavam todos quebrados
E os três homens que eu mais admirava
O Pai, o Filho e o Espírito Santo
Pegaram o último trem para o litoral
No dia em que a música morreu.