sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Novas Velhas Bandas #13 Canned Heat

Se você quer fugir dos samba-enredos grudentos dos desfiles deste carnaval, a solução é ouvir o som da nova velha banda de hoje: Canned Heat. Formado em 1965 na cidade de Topanga, Los Angeles, o grupo tem como influência nomes nada humildes do blues, como Muddy Waters, B.B. King e John Lee Hooker.
No início, a banda contava com Bob Hite no vocal e na gaita, Al Wilson na guitarra, Larry Taylor no baixo, Henry Vestine na guitarra base e Frank Cook na bateria. Eles começaram fazendo covers e versões modernizadas de clássicos do blues, o que logo chamou a atenção de gravadoras, críticos e público. O primeiro disco só foi lançado em 1967, mas já era esperado por muitos fãs que os viram tocar no Monterey Pop Festival (festival marcado pela apresentação em que Jimi Hendrix quebrou e queimou sua guitarra).

Queria ser amiga deles

O segundo álbum, Boogie With Canned Heat,  foi lançado em 1968 e continha a primeira música gravada pela banda a fazer sucesso mundial, a On The Road Again. Após o lançamento deste disco, o grupo foi apelidado pelos críticos de "reis do boogie" e saiu em turnê pela Europa, onde fez grande sucesso. Ainda em 68, o Canned Heat lançou o terceiro disco, Living The Blues, que continha outro grande hit, Going Up The Country.
Depois de quatro anos na estrada, eis que chega o grande momento da banda. Em 1969, depois do lançamento do quarto disco, Hallelujah, o Canned Heat é chamado para tocar em um dos maiores, se não o maior, festival de rock da história, o Woodstock. Eles tocaram no mesmo dia que Janis Joplin, Credence Clearwater Revival, The Who, Santana, Jefferson Airplane e Greatful Dead. O show foi bastante elogiado e em seguida, no início de 1970, o grupo saiu em turnê européia mais uma vez.
Esta talvez tenha sido a melhor fase da banda, pois, no segundo semestre de 70, as coisas começaram a desandar. A má fase se iniciou em setembro com a morte por overdose do guitarrista Al Wilson, que deixou o Canned Heat para entrar no "Clube dos 27" (isso mesmo, mais um músico que faleceu aos 27 anos de idade). Em seguida, vieram os problemas com a gravadora e a troca contínua de integrantes. "Capengando", o grupo seguiu lançando novos discos e fazendo shows. Na verdade, estão na ativa até hoje, mas, dos membros do início da carreira, apenas o baixista Larry Taylor está presente. A morte do carismático vocalista Bob Hite, em 1981, foi um dos principais motivos da banda ter caído no esquecimento.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Novas Velhas Bandas #12 Humble Pie

Se você é fã de rock and roll e de bandas inglesas dos anos 60, continue lendo este artigo. Se não for, continue lendo do mesmo jeito, não vai se arrepender de ouvir esse som. A nova velha banda de hoje não é tão desconhecida assim, pois chegou a fazer sucesso durante os anos em que esteve em atividade, mas, com o passar do tempo, acabou sendo esquecida. Estou falando do Humble Pie, grupo formado em 1969 pelos músicos Steve Marriott no vocal e na guitarra, Greg Ridley no baixo, Jerry Shirley na bateria e Peter Frampton (aquele mesmo do "uhh baby I love your waaaaaay") também na guitarra. 
O compacto de estréia Natural Born Boogie (1969) chamou a atenção do público inglês e colocou o grupo em evidência. No mesmo ano, foi lançado o primeiro álbum As Safe Yesterday Is e o segundo, chamado Town e Country. Em 1970, a banda lançou mais dois LPs, Humble Pie, terceiro disco de estúdio, e Rock On, que foi o último com a participação de Peter Frampton.

Peter Frampton, Greg Ridley, Jerry Shirley e Steve Marriott

Após a saída de Frampton, a banda acabou lançando o disco seguinte, Smokin, somente em 1972. Com Dave Clempson assumindo a guitarra, o som do Humble Pie foi mudando aos poucos e ficando cada vez mais pesado. Apesar das novas influências do hard rock, a banda manteve a pegada blues característica de sua origem, coisa que agradava o público e os críticos de música. As apresentações dos caras eram muito elogiadas, o que lhes rendeu ótimos trabalhos gravados ao vivo.
No anos seguintes, o grupo seguiu lançando novos discos e fazendo turnês pela Europa e pelos Estados Unidos, até que, em 1991, Steve, líder e fundador da banda, morreu em um incêndio em sua própria casa. Após sua morte, o Humble Pie chegou a gravar mais alguns álbuns e encerrou as atividades em 2003.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Novas Velhas Bandas #11 Steppenwolf não é só Born to be wild

"Get your motor running, head out on the highway..." essa frase sempre foi a introdução mais celebrada em "showzinhos" de rock que eu frequentava na adolescência. Hoje, uns dez anos depois, essa introdução acompanhada por um riff em mi maior, ré e lá, ainda causa êxtase em bares onde tocam bandas covers. A música Born to be wild, considerada o hino dos motociclistas, é um dos maiores hits do rock and roll. Fez tanto sucesso que acabou ofuscando as outras músicas do grupo que a compôs, o Steppenwolf.
Formada no Canadá em 1964 com o nome de Sparrow, a banda começou tocando blues em bares de Toronto. Em 1967, os integrantes se mudaram para São Francisco, Califórnia, onde o movimento hippie e a contracultura estavam em evidência. Lá, conheceram um empresário que os fez mudar de nome para Steppenwolf, e logo em seguida lançaram um compacto com a música Born to be wild. O sucesso do single foi estrondoso. 

Lobão selvagem

Em 1968, a banda lançou o disco The Second, que também fez muito sucesso, principalmente porque as músicas deste trabalho são muito influenciadas pelo psicodelismo da época, fazendo que o Steppenwolf se tornasse um dos símbolos do rock psicodélico, junto com Jefferson Airplane, Grateful Dead, The Doors, entre outros. No ano seguinte, foi lançado o terceiro disco intitulado At Your Birthday Party, que seguia na mesma linha de loucura do anterior, e Monster, quarto LP da banda. Com a chegada dos anos 70, veio o disco Steppenwolf 7, que trazia letras de protesto contra o governo acompanhadas de um som mais agressivo. Após o lançamento do disco seguinte, For Ladies Only, de 1971, a banda se separou. Os integrantes se reuniram algumas vezes nos anos seguintes, mas nenhum dos discos lançados pós 71 chegou a fazer o sucesso que o grupo estava acostumado.
Apesar de não ter durado muitos anos, o Steppenwolf teve grande importância na música e na cultura em geral. A clássica Born to be wild serviu de influência na denominação de um subgênero do rock, o Heavy Metal, com a expressão "Heavy Metal Thunder", contida no segundo verso. Além disso, ao ser trilha sonora do filme Easy Rider - Sem Destino - (1969), a canção ajudou a transformar a motocicleta Harley Davidson em um símbolo de liberdade, em um mito. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Novas Velhas Bandas #10 Blackfoot

Vinda de Jacksonville, Flórida, a nova velha banda desta sexta-feira é especial para quem curte southern rock (subgênero que se desenvolveu na região sul dos Estados Unidos com influências do rock, country music e blues). O Blackfoot teve início por volta de 1969, mas com outros nomes e integrantes. A formação definitiva, que chegou a assinar contrato com uma gravadora, só se consolidou em 1975, ano em que foi lançando o primeiro disco, chamado No Reservations.
A obra de estréia dos caras não chegou a fazer tanto sucesso, por isso, em 1976, eles trocaram de gravadora e lançaram o segundo LP, Flying High, que também não chamou tanto a atenção do público, mesmo assim, foi o suficiente para a banda sair em turnê com grandes nomes da época, como Kiss, Rush e Peter Frampton.

elegantíssimos

Apesar de terem feito alguns fãs durante essas turnês, o grupo só foi atingir grande repercussão com o lançamento do terceiro disco, Strikes, em 1979. O álbum é muito bom e contém os mais famosos sucessos da banda, mas outro fato interessante que levou o Blackfoot a ganhar tamanha atenção da mídia foi o fim do Lynyrd Skynyrd em 1977. O Lynyrd, que era a principal atração do rock sulista da época, tinha acabado de passar por uma tragédia (a queda do avião que matou parte dos integrantes) e o subgênero estava sem um representante. O curioso é que, além do som semelhante entre as bandas, alguns integrantes do Blackfoot chegaram a tocar com o Lynyrd no início de suas carreiras.





Mesmo com o estrondoso sucesso do disco "Strikes", os anos 80 chegaram e foram um pouco cruéis com o Blackfoot (e com muitos grupos de rock dos anos 70). A popularidade dos teclados e sintetizadores vinha crescendo e as bandas eram pressionadas pelas gravadoras a se adaptarem às novas tecnologias e a adotarem um visual mais moderno. Isso fez com que muitas delas perdessem suas identidades durante a década. Apesar disso, o Blackfoot chegou a lançar bons álbuns, como Tomcanttin (1980) e Marauder (1981).
Além da pressão da gravadora, a banda tinha dificuldade para renovar seu estilo, e foi após o fracasso do disco Vertical Smiles, de 1984, que o grupo se desfez. Os integrantes chegaram a se reunir em 2005 para uma turnê pelos Estados Unidos e pela Europa, mas logo após a morte do baterista eles se separaram novamente. Fizeram parte do Blackfoot: Rickey Medlocke, Ken Hensley, Greg T. Walker, Stet Howland, Philip Shouse, Tim Rossi, Brian Carpenter e Christopher Williams. Ufa! 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O dia em que a música morreu

Há exatos 55 anos, depois de uma apresentação da turnê The Winter Dance Party, em Iowa, três jovens músicos deixavam a terra a bordo de um avião para entrar pra história do rock. Ritchie Valens, The Big Bopper e Buddy Holly morreram na madrugada do dia três de fevereiro de 1959, após a queda do monomotor Bonanza B35 próximo a cidade de Clear Lake, no estado americano de Iowa. Mas você deve estar se perguntando “quem são esses caras?”.
Ritchie Valens era apenas um garoto de 17 anos que tocava guitarra e estava começando a fazer sucesso. Se você acha que nunca ouviu uma música dele, está enganado. Aposto que já dançou ao som de La Bamba, uma das músicas mais tocadas em festas de formatura e casamento. Apesar de só ter gravado dois discos, Valens emplacou alguns sucessos como a balada Donna, We Belong Together e Come on Let’s Go.

O garoto Ritchie e sua guitarra

Outra estrela que se juntou a Ritchie foi The Big Bopper, nome artístico de Jiles Perry Richardson, cantor e compositor que ficou muito famoso no fim dos anos 50 pelo hit Chantilly Lace. Um vídeo antigo dele tocando essa música é considerado por muitos o primeiro “vídeo clipe” da história. Big Bopper, além de músico, também era um dos DJ’s mais conhecidos daquela época. Ele tinha 28 anos quando a tragédia aconteceu.


Por último, mas não menos importante, Buddy Holly, que tinha apenas 22 anos no dia em que morreu. Dos três cantores que partiram desta para melhor naquela madrugada fria de fevereiro, Buddy foi o mais relevante. Não apenas por ter mais discos gravados e sucessos lançados, mas por ser considerado o mais criativo dos músicos de sua geração. Ele e sua banda de apoio, os Crickets, colecionam hits como Peggy Sue, That’ll Be The Day, Oh Boy, entre outros.

Buddy no palco

A tragédia do dia três de fevereiro de 59 rendeu dois filmes que ilustram a breve carreira dos músicos. A primeira obra a tratar do tema foi o filme The Buddy Holly Story, de 1978, que conta a trajetória de Buddy até chegar ao estrelato. Em 1987, foi lançado o filme La Bamba, que mostra a vida de Ritchie Valens até se encontrar com Holly e Bopper naquela noite. 

O que sobrou da queda do avião

Para quem não conhece o trabalho desses artistas, ou não gosta do bom e velho rock and roll, a queda do avião foi apenas uma fatalidade que aconteceu há muito tempo. Mas para quem é fã de música é impossível não se sensibilizar com a perda dessas três estrelas imortalizadas na história e na música de Don McLean:

E nas ruas as crianças gritavam
Os amantes choravam e os poetas sonhavam
Mas nenhuma palavra foi dita
Os sinos da igreja estavam todos quebrados
E os três homens que eu mais admirava
O Pai, o Filho e o Espírito Santo
Pegaram o último trem para o litoral
No dia em que a música morreu.