terça-feira, 5 de abril de 2011

INTER 2: O inferno é aqui!


Sexta-feira, cinco e meia da tarde, terminal do Portão na fila do Inter 2. Começa o inferno. Empurra de cá, empurra de lá, todos os passageiros amontoados tentando entrar no ônibus. Tanto desespero que parece mais que o Silvio Santos está lá dentro jogando aviãozinho de dinheiro. Tudo isso só para pegar um assento perto da janela para não morrer sufocado. Após entrar no ônibus você não consegue lugar para sentar, mas não tem problema. Você não vai cair, pois está colado no vidro. Então você começa a sentir aquele cheiro. Parece que alguém abriu um salgadinho da marca “xulezitos” no fundo do ônibus. Nesse momento você acha nada pode piorar, mas é aí que você se engana, caro leitor. A porta abre no terminal do Capão Raso e entra um jovem vestindo calças largas, boné virado de lado, camiseta rosa bebê, piercing colorido na sobrancelha e o celular tocando aquela música que você odeia no volume máximo. Seja bem vindo ao “falcão prateado”.
A BIGORNA realizou uma enquete com a população e descobriu que o ônibus mais conhecido e odiado é o Inter 2. As maiores reclamações são que os ônibus, além de estarem sempre lotados, ainda demoram pra chegar. Ou seja, o Inter 2 de ligeirinho só tem o nome. A secretária Janaina Kozi é uma das infelizes que pega o ônibus todos os dias para ir e voltar do trabalho e se sente indignada, “É muito descaso da prefeitura não colocar mais ônibus nos horários de pico”, comenta. É, pelo jeito, a Curitiba modelo em transporte coletivo já não existe mais.
Fotos: Equipe BIGORNA
                                                       
A falta de ônibus causa a lotação e deixa o passageiro correndo risco de vida. No início do ano passado, Cleonice Ferreira Golveia estava em um ligeirinho e com a movimentação de dentro do ônibus, uma das portas se abriu e a passageira foi empurrada para fora do ônibus e atropelada pelo mesmo, chegando a falecer. Essa situação poderia ser evitada se houvesse mais investimento para aumentar a frota de ônibus. Quantas Cleonices a prefeitura vai esperar morrer para tomar uma providência e aprimorar o transporte coletivo da cidade?
 Carlos Duarte, vendedor, pega o inter 2 no terminal do Campina do Siqueira e vai até o Capão da Imbuia e garante que come o pão que o diabo amassou todos os dias, “Eu pego saída de escola com crianças gritando e pessoas mal educadas empurrando. Acho que ninguém merece passar por isso. Estamos todos cansados e só queremos voltar pra casa com dignidade”, afirma Duarte que tem toda razão de reclamar. A equipe de reportagem da BIGORNA reza para nunca mais ter que pegar esse ônibus. Agora que você terminou de ler essa matéria, relaxa e dá uma cochilada que ainda faltam 15 tubos para chegar ao seu.

PS: Esse texto foi escrito por mim e pela minha colega Francieli Santos para a revista BIGORNA.

Um comentário:

Déborah Leão disse...

Quero post novo todo dia!!

Mais uma vez parabens pelo blog! Adorei a mistura!